domingo, 18 de julho de 2010

Tingimento natural de lã


Resolvi fazer algumas experiências dentro do processo natural de tingimento, e a primeira coisa que me ocorreu foi, urucum, usado pelos índios Arawete para tingir as suas roupas de vermelho.
Também me recordei que enquanto aprendi a fiar anotei algumas informações preciosas tais como; a fórmula para tingir e alguns corantes naturais, como a raiz de rubia, ou o açafrão, e comecei então por esta primeira experiência, mas existem outras aliás são, diria que, infindáveis porque quanto mais leio sobre corantes naturais mais formas encontro de obter cor, usando vegetais como as cascas de amendoins, de cebola, de favas, de laranjas, de maracujás e de nozes; os ouriços das castanhas; as folhas de amoreira (amoras) e de mangueira; o chá (teina) e o café; a serragem de eucalipto, assim como folhas e frutos e sem esquecer de referir a existência de corantes provenientes da fauna como os caracóis (Murex sp, Púrpura lapillus e Murex brandasis) através dos quais extraímos o púrpura, ou os cochonilhas (insectos, pragas que atacam praticamente todas as plantas) que dão o vermelho. E ainda os corantes extraídos de minerais como o mítico lapiz-lazuli, ou ainda as argilas variadas entre tantos outros corantes naturais.

O tingimento das lãs é sempre feito a quente. O uso de corantes naturais não tem os efeitos nefastos para o nosso organismo que o tingimento com corantes químicos possuí, e é eficaz.
Também é importante reter que o tipo de panela influência na cor, por exemplo, as panelas de cobre e ferro resultam em tingimentos mais escuros.

Deixo aqui a receita que uso para tingir:

Para 100g de lã usei 20g de Alumen (murdente), 5g de Cremor de Tartaro (estabilizador da cor) e a água necessária para cobrir a lã, que ferveu durante 1h neste banho com a finalidade de abrir os filamentos da lã e de vir a estabilizar a cor que essa lã vai receber, ao mesmo tempo coloquei água em outra panela e o elemento que usei para tingir, no meu caso, coloquei açafrão e rubia (a rubia deve ficar 2horas em água para a raiz abrir), depois do primeiro banho de uma hora, passa-se ao segundo que irá durar também uma hora. Dependendo da lã as cores vão variando de intensidade, assim como também influência a panela onde se faz o tingimento.
A lã deve secar aberta sobre uma rede, por exemplo, para evitar que o fio sofra variações de espessura com o peso da água e seque mais rápido.

O resultado obtido foi este:




A Rubia tinctorum, é a rubia mais comum em tingimentos e encontra-se em estado selvagem na Palestina e no Egipto, e é muito abundante na Ásia e na Europa. O corante está concentrado nas raízes da planta principalmente nas raízes mais antigas, que se arrancam limpando a terra, secando e cortando em pequenos pedaços.
Com a rubia podemos obter um vermelho intenso conhecido por "vermelho da Turquia". É um corante muito popular no Médio Oriente, tendo sido identificado em túmulos egípcios e em tecidos encontrados na Judeia.

O Açafrão é extraído de uma planta com o mesmo nome e pode dar tons como amarelo dourado ou vermelho acastanhado, é uma planta originária da Grécia e Itália mas que já se encontra no Sul de França, Espanha e Turquia. 


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