quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ameixas em Julho




Julho é o tempo de ceifar o feno, que será usado para tapar os morangueiros e protege-los do tempo frio, também é importante para alimentar animais e para a compostagem.

Mas também é tempo de fruta, e na nossa quinta é tempo de ameixas. Depois dos damascos foram elas que encheram algumas caixas e que nos sujaram os pés enquanto tentávamos chegar ao galho mais alto.

As ameixeiras ou ameixoeiras pertencem ao género e subgénero Prunnus, são da família das Rosáceas e podem ser roxas, vermelhas ou amarelas, o caroço é praticamente liso e é rica em açúcar, sais minerais (cálcio, fósforo, ferro e potássio) é também uma fonte de fibras, e de vitaminas C e B, e além de tudo é muito saborosa e sumarenta ideal para as tardes quente de Julho, em especial quando acabada de colher da árvore. O nosso ameixial tem oito árvores mas é bem provável que venha a aumentar.
A nossa espécie é a ameixeira europeia, também conhecida por prunus doméstica, é provavelmente oriunda do Sul do Cáucaso e foram os gregos e os romanos que as trouxeram até nós. Esta espécie exige o frio hibernal, o que influência a sua distribuição geográfica.





 

domingo, 18 de julho de 2010

Tingimento natural de lã


Resolvi fazer algumas experiências dentro do processo natural de tingimento, e a primeira coisa que me ocorreu foi, urucum, usado pelos índios Arawete para tingir as suas roupas de vermelho.
Também me recordei que enquanto aprendi a fiar anotei algumas informações preciosas tais como; a fórmula para tingir e alguns corantes naturais, como a raiz de rubia, ou o açafrão, e comecei então por esta primeira experiência, mas existem outras aliás são, diria que, infindáveis porque quanto mais leio sobre corantes naturais mais formas encontro de obter cor, usando vegetais como as cascas de amendoins, de cebola, de favas, de laranjas, de maracujás e de nozes; os ouriços das castanhas; as folhas de amoreira (amoras) e de mangueira; o chá (teina) e o café; a serragem de eucalipto, assim como folhas e frutos e sem esquecer de referir a existência de corantes provenientes da fauna como os caracóis (Murex sp, Púrpura lapillus e Murex brandasis) através dos quais extraímos o púrpura, ou os cochonilhas (insectos, pragas que atacam praticamente todas as plantas) que dão o vermelho. E ainda os corantes extraídos de minerais como o mítico lapiz-lazuli, ou ainda as argilas variadas entre tantos outros corantes naturais.

O tingimento das lãs é sempre feito a quente. O uso de corantes naturais não tem os efeitos nefastos para o nosso organismo que o tingimento com corantes químicos possuí, e é eficaz.
Também é importante reter que o tipo de panela influência na cor, por exemplo, as panelas de cobre e ferro resultam em tingimentos mais escuros.

Deixo aqui a receita que uso para tingir:

Para 100g de lã usei 20g de Alumen (murdente), 5g de Cremor de Tartaro (estabilizador da cor) e a água necessária para cobrir a lã, que ferveu durante 1h neste banho com a finalidade de abrir os filamentos da lã e de vir a estabilizar a cor que essa lã vai receber, ao mesmo tempo coloquei água em outra panela e o elemento que usei para tingir, no meu caso, coloquei açafrão e rubia (a rubia deve ficar 2horas em água para a raiz abrir), depois do primeiro banho de uma hora, passa-se ao segundo que irá durar também uma hora. Dependendo da lã as cores vão variando de intensidade, assim como também influência a panela onde se faz o tingimento.
A lã deve secar aberta sobre uma rede, por exemplo, para evitar que o fio sofra variações de espessura com o peso da água e seque mais rápido.

O resultado obtido foi este:




A Rubia tinctorum, é a rubia mais comum em tingimentos e encontra-se em estado selvagem na Palestina e no Egipto, e é muito abundante na Ásia e na Europa. O corante está concentrado nas raízes da planta principalmente nas raízes mais antigas, que se arrancam limpando a terra, secando e cortando em pequenos pedaços.
Com a rubia podemos obter um vermelho intenso conhecido por "vermelho da Turquia". É um corante muito popular no Médio Oriente, tendo sido identificado em túmulos egípcios e em tecidos encontrados na Judeia.

O Açafrão é extraído de uma planta com o mesmo nome e pode dar tons como amarelo dourado ou vermelho acastanhado, é uma planta originária da Grécia e Itália mas que já se encontra no Sul de França, Espanha e Turquia. 


quarta-feira, 7 de julho de 2010

A dois tamanhos


Porque a um passo dos corpos, ler as reportagens da Martha Gellhorn sobre "A Face da Guerra" (Ed. Dom Quixote) tem sido cada vez mais definido. Primeiro pareceram-me apenas leves e muito poeticamente escritas, até que foram ganhando uma clareza de precisão tão forte na procura desta correspondente de guerra, onde tudo se descreve com a sua memória e detalhes vermelhos.
Mas lê-la, recordando e alternando a leitura de "As Abelhas" por Eduardo Sequeira (Magalhães e Moniz - Editores), torna os insectos mais sublimes na distância nada humana como se organizam. Qual deles mais mecânicos, monumentais e cheios?
Espero que o nosso arado consiga ir buscar a estrutura e a dúvida na sua consciência aos dois.

domingo, 4 de julho de 2010

Árvores, Carlos de Oliveira (1921-1981)

Ilda David' , Tábuas de Pedra




Camponês, que plantaste estas árvores reais com pássaros vivos na verdura autêntica das ramagens, sabias bem que nada valem as asas fulvas e imaginárias nas florestas do tempo.
Tu sim, que concebeste todas estas folhas, flores e frutos, toda esta terra de harmonia -- no tamanho duma semente mais pequena que o coração das aves.

Trabalho Poético

sábado, 3 de julho de 2010

Sobre "As Abelhas - tratado de apicultura mobilista", Eduardo Sequeria (1861-1914)

Como lavrar e pensar a estrutura dos insectos em abelhas, um começo. A leitura de um velho e amador livro sobre apicultura tem sido revelador de uma vontade cada vez maior de continuar. Do autor têm-me aparecido curiosas dúvidas sobre a mistura que faz de descrições poéticas e análises meio cientificas, mas fica o fascínio da pesquisa de um primeiro objecto enquanto base.