"A produção de frutos e legumes fora de época propaga-se cada vez mais. Para terem tangerinas simplesmente um mês mais cedo, as pessoas das cidades estão dispostas a pagar ao agricultor um investimento suplementar em trabalho e em equipamento. Mas se nos perguntarmos que importância tem para as pessoas este fruto estar disponível um mês mais cedo, a verdade é que isso não é nada importante, e o dinheiro não é o único preço a pagar por um tal luxo.
Além disso, utiliza-se agora um agente corante que não era empregue há alguns anos atrás. Com este produto químico, o fruto ganha cor por inteiro uma semana mais cedo. Como o preço duplica ou cai para metade consoante o fruto for vendido uma semana antes ou depois de 10 Outubro, o agricultor aplica aceleradores de coloração químicos e após a colheita coloca os frutos numa câmara de maturação a gás.
Mas quando os frutos são expedidos mais cedo, eles não tem açúcar suficiente e, por consequências, são utilizados adoçantes artificiais. Supõe-se geralmente que os adoçantes quimicos foram proibidos, mas os adoçantes artificiais que são pulverizados sobre os citrinos não foram especificamente proscritos. A questão é saber se eles se encaixam ou não na catergoria dos "produtos químicos agrícolas". Seja como for, quase toda a gente os utiliza.
De seguida, os frutos são levados para o centro cooperativo de triagem da fruta. Para serem separadas em categorias grandes e pequenas, as peças são postas a rolar durante várias centenas de metros num longo transportador. Os esmagamentos são frequentes. Quanto maior é o centro de triagem, tanto maiores são as manipulações a que os frutos são submetidos, e tanto mais eles ressaltam e rebolam. Depois de uma lavagem com água, pulverizam-se as tangerinas com agentes conservantes e acrescenta-se um agente corante. Enfim, como toquue final, é aplicada uma solução de parafina sólida e os frutos são polidos para terem um aspecto mais brilhante. Os frutos actuais são realmente objectos manufacturados."
excerto de:
A Revolução de Uma Palha, Masanobu Fukuoka, uma introdução à agricultura selvagem, edição de 2008.
descobri agora este blog ao fazer uma pesquisa sobre tingimento de têxteis.
ResponderEliminarParabéns, gosto muito!
Vivo em Lisboa mas venho de uma pequena aldeia de Viana onde os meus pais têm uma horta e pomar. A coisa que mais gosto de fazer quando estou lá de fim de semana é, sem dúvida, ir para a horta, nem que seja só para arrancar ervas. Tenho saudades da vida no campo!