quinta-feira, 24 de junho de 2010

Fiação


Sempre achei lindissimo o movimento das fiadeiras que via nas pinturas que estudava em História da Arte, mais tarde voltei a elas não apenas pela beleza do movimento retratado, mas por a partir dele nascer o fio, a linha. A linha tem para mim um papel intensamente criador e poético e fiar surge então como um ritual.

A fiação iniciou-se no Neolitico quando as primeiras sociedades surgem, e era e é sobretudo praticado por mulheres. Ainda hoje em zonas rurais quase extintas podemos ver uma ou outra mulher ao serão a fiar, imagem também presente em Trás-os-montes, filme de Margarida Cordeiro e António Reis, que retrata a nossa individualidade de forma tão especial.


O fuso português trabalha como um pião rodando com a ajuda de três dedos, no caso da lã, os flocos são cardados e com o movimento entrelaçam-se criando o fio, a espessura depende da quantidade de flocos isto num fio simples, depois de fiado é dobado transformando-se numa meada e depois em um novelo estando pronto para ser tecido.

No voo do arado criamos as caixinhas de fiação que pertendem ensinar a fiar usando o nosso fuso. Dentro de cada caixinha existe um fuso português, lã de ovelha cardada/penteada e uma cabula simples e detalhada, esta cabula está em Português e Inglês, enviamos as caixinhas devidamente embaladas pelo correio.

Imagens: A Virgem Fiando 1420-30 Hungria; Fiadeira de Jean-François Millet , Fiadeira de Goya C.44

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